Os roubos de automóveis já não se fazem forçando a fechadura e estabelecendo uma ligação direta.
Os métodos dos ladrões refinam-se na mesma proporção dos avanços da tecnologia. É eterno jogo do gato e do rato entre quem quer proteger os seus haveres e quem os quer furtar. Conhecer como são feitos os roubos de automóveis na era da eletrónica é fundamental para se proteger...
Cada vez mais os ladrões recorrem à tecnologia para entrarem nos automóveis e de os ligarem através de codificação de “zeros e uns”, a linguagem dos computadores. É uma forma de roubo que não deixa marcas e que passa pela clonagem de chaves “inteligentes”, de duplicação de códigos de acesso e da apropriação dos comandos do carro através da porta OBD (On Board Diagnosis).
As viaturas modernas são computadores assentes em quatro rodas, estando, por isso, vulneráveis aos ciberataques. A par do “carjacking”, roubo de um carro com recurso à violência, tem vindo, assim, a surgir um outro fenómeno, o “carhacking".
Os indivíduos que fazem estes roubos são especialistas com um elevado grau de conhecimentos técnicos e fazem-nos através da utilização de material eletrónico de desbloqueamento, o furto de veículos dotados de sistemas de segurança eletrónicos (como chaves eletrónicas). Na maior parte das vezes, este é material comprado através da Internet e com recurso a um simples cartão de crédito.
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Como são feitos os roubos?
Os roubos são feitos em pouco tempo e na maior das discrições. Os ladrões usam essencialmente duas estratégias: a primeira usa um neutralizador de frequência e a segunda recorre à captação dos sinais de rádio das chaves eletrónicas.
Na primeira abordagem, o ladrão adquiriu previamente um aparelho que lhe permite bloquear o sinal de comando da chave. Este aparelho - chamado "jammer" ou neutralizador - bloqueia o sinal emitido pela chave e impede que ela trabalhe. São aparelhos que se podem comprar facilmente na Internet. Os cinco passos envolvidos são os seguintes:
1. Depois de estacionar, o dono do carro aciona o controlo remoto para fechar o automóvel, como é seu hábito, diariamente.
2. À espreita, o ladrão, na posse de um neutralizador de frequência, bloqueia o sinal do comando e, sem que o proprietário dê conta, impede que o carro se feche.
3. Assim que o dono do veículo se afasta, o ladrão avança e entra no carro destrancado.
4. O ladrão liga um terminal de programação à “ficha” de diagnóstico dentro do veículo (OBD-II, On-Board Diagnostics), normalmente situada na parte inferior do tablier, do lado do condutor.
5. A partir deste momento, o ladrão reconfigura a chave de acesso do veículo e leva o carro em poucos segundos. O acesso à porta OBD permite ao ladrão clonar ou obter uma nova chave.
A segunda estratégia mais utilizada passa por "copiar" da sua chave e usá-la como se fosse a original. Consiste na utilização de equipamentos que intercetam os sinais rádio das chaves eletrónicas dos automóveis (estando ou não a ser usadas), permitindo que os ladrões entrem no carro, usando a frequência da chave original. Este método exige a colaboração de um cúmplice: o primeiro fica com uma chave programável e o segundo usa uma antena para captar o sinal da chave original e transmitir para a chave clonada.
Que aparelhos são usados nos roubos?
Neutralizadores, reprogramadores e retransmissores: estes são os "cúmplices" eletrónicos dos ladrões do século XXI. Vejamos quais são:
- Neutralizador ou “Jammer” » Funcionam em MHz e, num determinado perímetro, impedem que diversos aparelhos funcionem em certas frequências. Os neutralizadores que os ladrões de automóveis usam são de pequena dimensão, cabendo na palma de uma mão. Mesmo os mais simples, têm um alcance de 50 metros. Estão à venda na Internet entre 40 euros e 70 euros.
- Reprogramador da chave » Pode até ser um computador, palmtop, tablet ou smartphone, desde que lhe tenha sido instalado um software próprio, mas, sem adaptações, no mercado encontram-se dispositivos acessíveis que, através de um cabo padronizado (o equivalente a uma ficha Scart) ligam-se à porta de diagnóstico OBD-II do veículo, comunicam com o automóvel e leem toda a informação da viatura, incluindo o que mais interessa aos amigos do alheio: o código das chaves. Há aparelhos altamente profissionais na Internet, cujo preço (4500 e seis mil euros) reflete esse nível. Uma das empresas que vende estes produtos tem sede na Bulgária. Também há opções caseiras por 15 euros.
- Antenas retransmissoras » No caso em que são usadas duas antenas, uma posta ao pé do carro e outra localizada perto do proprietário do veículo (o detentor da chave), a antena que vai proceder ao envio do primeiro sinal pode estar a uma distância de 80 metros do dono do carro, o que faz com que o ladrão possa atuar sem levantar quaisquer suspeitas. O preço de um sistema retransmissor destes oscila entre 75 e 800 euros na Internet.
Como reduzir o risco de isto lhe acontecer?
Apesar da sofisticação de que se revestem estes ataques, alguns conselhos tradicionais mantêm a sua validade e aplicam-se também nos casos de roubos feitos com recurso à eletrónica e aproveitando as tecnologias digitais. Tome nota:
- Procurar estacionar em locais iluminados, muito frequentados, com câmaras de videovigilância;
- Utilizar trancas de direção e da caixa de velocidades. Não impedem o roubo, mas podem desincentivar o ladrão, já que o obrigarão a perder mais tempo no ato (cria-se uma barreira física);
- Dispor de dispositivos GPS incorporados no carro é também uma boa ferramenta na posterior localização da viatura e até na sua imobilização à distância, em caso de furto, pois alguns destes localizadores possuem esta funcionalidade;
- Certifique-se que o carro ficou efetivamente fechado. Não se fie no facto de ter premido o botão do comando. Pode não ter trancado o automóvel. Para tal, é útil equipar o seu carro de um alarme que, quando o trinco da porta se ativa, faz soar um toque de buzina que confirma que o veículo está fechado e que o alarme está “on”;
- Tenha cuidado a quem entrega a chave do carro (por exemplo, no serviços de “valet parking”). Ao deixar de ter o controlo visual da sua chave, aumenta-se o risco de haver clonagem eletrónica.
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